• Vereador ituaçuense está na mira da polícia por susposto estelionato contra lavrador

     Lavrador acusa vereador de Ituaçu de ‘brincar com a vida’ da sua filha com câncer

    O Lavrador Clóvis Barboza Ferreira, moradora da Fazenda Guigó, zona rural de Ituaçu, registrou o Boletim de Ocorrência N.º 725/2015, na Delegacia de Polícia de Barra da Estiva, no dia 03/12, contra o Vereador Euvaldo Figueiredo da Silva (foto), popularmente conhecido como Vade. O BO, registrado pelo Delegado de Polícia Marco Antônio Torres, qualificou como sendo delituosa a conduta narrada pelo comunicante e tipificou inicialmente a mesma como sendo ‘estelionato’. Segundo o lavrador, Vade teria solicitado cerca de R$ 3.800,00, em espécie, para custear a realização de exames, viagens e pagamento de cirurgia referentes ao tratamento de saúde da sua filha Rosileide Santos Ferreira, que está com câncer. A principal suspeita do lavrador é que os exames e cirurgia tenham sido feitos através do Sistema Único de Saúde (SUS) e que o dinheiro teria ficado para Vade. Além disto, o lavrador acusa o Vereador de ter contribuído para o agravamento do estado de saúde da filha, já que com esta prática, ele retardou o início do tratamento correto.  

    ENTENDA O CASO  

    Segundo o depoimento prestado pelo lavrador, em outubro de 2014, Rosileide Santos Ferreira teria observado um caroço no pescoço e que este caroço começou a doer e causar desconforto.

    Ele então levou a filha para se consultar, em Ituaçu, com o médico Dr. Jorge, que solicitou um exame de ultrassom. Após o resultado, o médico informou ao lavrador que provavelmente se tratava de um câncer e que o mesmo deveria encaminhar sua filha para tratamento em Salvador ou no estado de São Paulo. O lavrador teria então procurado, no dia 20/11/2014, o Vereador Vade, na Câmara de Ituaçu, e que este teria marcado uma consulta na cidade de Vitória da Conquista. No dia da consulta, sua filha teria ido acompanhada da mãe, no carro do próprio Vereador Vade, oportunidade em que este solicitou a importância de R$ 600,00 para pagamento dos exames, que foram realizados na Clínica Santa Clara. Os pagamentos teriam sido efetuados diretamente por Vade e nenhum recibo foi entregue aos familiares. O lavrador alegou também que, ainda no mês de novembro, teria entregue a Vade a quantia de R$ 2.400,00, em espécie, para a realização da cirurgia para retirada do tumor do pescoço, mas que posteriormente tomou conhecimento que não foi uma cirurgia e sim uma coleta de material para realização de biopsia, não sabendo informar se este procedimento foi custeado ou não pelo SUS. O Lavrador afirmou ainda que, perto do Natal, o próprio Vereador Vade teria pego o resultado dos exames na Clínica Santa Clara e também não entregou os mesmos para a família, limitando-se a dizer que o problema seria ‘coisa simples’, mas que a paciente teria que fazer tratamento em Salvador, ficando acertada a ida em janeiro para a capital do estado. Em janeiro, a paciente, acompanhada pela mãe, teria ido com o Vereador Vade para Salvador, para uma consulta no Hospital Aristides Maltez e que por esta viagem teria sido repassada a quantia de R$ 400,00 a Vade, a título de passagem. O lavrador afirmou ainda que nenhum exame foi realizado e que teria ficado acertada a volta da paciente no dia 30/01/2015. Nesta data, o Vereador Vade teria ido sozinho com a paciente, de ônibus, para Salvador e que o médico que atendeu a paciente solicitou a realização de exames o mais rápido possível, mas que nenhum exame foi realizado pela paciente, porque Vade teria deixado os pedidos com um amigo para fazer a marcação. Em março de 2015, o lavrador afirmou que, diante do fato de Vade não marcar os exames e nem lhe entregar os pedidos, acabou mandando a filha para Salvador, em companhia de uma mulher chamada Lourdes, através de encaminhamento feito pela Secretaria de Saúde de Ituaçu. Afirmou ainda que, em Salvador, a paciente encontrou com o amigo de Vade, de prenome Gilmar, que lhe entregou os pedidos de exames que estavam em seu poder desde janeiro. Disse ainda que naquela oportunidade sua filha foi submetida a uma tomografia e foi marcada uma ressonância magnética para o dia 27/04/2015. O lavrador afirmou ainda que, após a realização de todos os exames, o médico não prescreveu nenhuma medicação, alegando que a biopsia realizada em Vitória da Conquista já estava ultrapassada. Posteriormente, em uma nova consulta, uma médica teria dito ao lavrador que o caso da sua era bastante grave e que a paciente deveria ser encaminhada para o tratamento especializado no estado de São Paulo. Em resumo, o lavrador alega ter entregue ao Vereador Vade a importância de R$ 3.600,00, em espécie, para a realização de exames e de uma suposta cirurgia, além de R$ 200,00 para a realização de um exame na cidade de Barra da Estiva, mas que o mesmo não tem certeza se estes recursos foram realmente utilizados para estes fins.   Secretário esclarece atuação da Secretaria de Saúde de Ituaçu   Ricardo Braga informou que somente tomou conhecimento do caso há cerca de dois meses, quando foi procurado pelo Sr. Clóvis, que lhe relatou a insatisfação com o tratamento de saúde da sua filha   Leonardo Oliva   Tão logo a nossa reportagem tomou conhecimento do caso e teve acesso ao Boletim de Ocorrência, procuramos Ricardo Braga, Secretário de Saúde de Ituaçu, para colher mais informações. Fomos recebidos pelo Secretário em seu gabinete, oportunidade em que eles nos prestou os seguintes esclarecimentos. Inicialmente, o Secretário informou que assumiu o cargo em 1º de junho de 2015 e que somente há cerca de dois meses é que veio tomar conhecimento do caso da paciente Rosileide Santos Ferreira, porque foi procurado pelo pai da mesma e este teria relatado a situação da sua filha. Disse ainda que o lavrador teria pedido a ele para intervir junto a Vade para que este devolvesse o dinheiro. ‘Respondi que não teria como intervir neste sentido, orientei ele a procurar o Ministério Público e garanti que, a partir daquele momento, tomaríamos todas as providências necessárias para assegurar o correto tratamento da sua filha’, afirmou Ricardo. O Secretário enfatizou ainda que, tão logo ouviu o relato do lavrador, conversou com algumas pessoas, que atuam há mais tempo no setor, para se inteirar do assunto. Disse que um dos funcionários, Manoel Messias, que acompanha os pacientes em tratamento e faz a marcação de exames em Salvador, lhe informou que teria sido procurado pelo lavrador entre outubro e novembro de 2014 para tratar do problema de saúde da sua filha. Na ocasião, Manoel Messias teria esclarecido os procedimentos necessários para realizar o encaminhamento, mas que depois disto não voltou a ser procurado pelo lavrador. Ainda segundo Manoel Messias, cerca de dois meses depois, ele teria encontrado, por acaso, com o lavrador e lhe perguntado sobre o estado de saúde da sua filha, tendo sido respondido ao mesmo que o Vereador Vade teria ‘assumido’ a responsabilidade pelo encaminhamento da paciente. O Secretário de Saúde informou que, desde então, a Secretaria limitou-se emitir as passagens solicitadas pela paciente Rosileide Santos Ferreira, não tendo nenhum envolvimento na marcação de exames e consultas, mas que há cerca de dois meses foi procurado pelo lavrador. ‘Em outubro deste ano, fui procurado pelo Sr. Clóvis, que me relatou sua insatisfação com o tratamento de saúde da sua filha e alegou que o Vereador Vade não estaria prestando a assistência com a qual havia se comprometido anteriormente’, afirmou Ricardo. Segundo o Secretário, o lavrador teria relatado a ele que o material da biopsia, feita no final de 2014, ainda não havia sido encaminhada ao Hospital Aristides Maltez e que já teria dado mais de R$ 3 mil, em espécie ao Vereador para custear o tratamento de saúde. Depois de ter sido procurado pelo lavrador, o Secretário de Saúde acionou Manoel Messias e solicitou ao mesmo que providenciasse o início do tratamento adequado, mas que isto não ocorreu mais rapidamente porque o Vereador Vade teria demorado a entregar o resultado dos exames já realizados e que estava em seu poder. Desde então, a Secretaria de Saúde já encaminhou a paciente para o Hospital Aristides Maltez, tendo sido pedidos novos exames. Ricardo informou ainda que os exames só poderiam ser marcados a partir do dia 15/12, mas neste intervalo a Secretaria de Saúde foi procurada pela Sra. Iêda Machado Gomes Rocha, informando que havia conseguido o tratamento no Hospital de Barretos, não sendo, portanto, necessária a marcação dos referidos exames. O Secretário de Saúde informou ainda que os familiares procuraram diretamente o Prefeito Albercinho e este já autorizou as passagens aéreas de Vitória da Conquista para Ribeirão Preto, de onde a paciente segue para o Hospital do Câncer de Barretos, no dia 07/12. (Leonardo Oliva - Tribuna do Sertão)

     




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