• Wagner diz que obras

    Wagner diz que obras

    Foto: A.Souza / Destaquebahia.com.br

    O governador Jaques Wagner (PT) não acredita que eventuais protestos vão empanar o brilho da Copa do Mundo em Salvador e no país. Em entrevista exclusiva, destaca que a recente pequisa do Ibope sobre a  sucessão estadual revelou que 86% dos pesquisados ainda não têm candidato e que Rui Costa (PT) reúne condições de fazer um melhor governo do que o seu.

    P - Como o senhor avalia o cenário político da Bahia, a partir desta última pesquisa do Ibope?

    R - Nossa chapa é mais competitiva, tem mais unidade que a de lá (DEM/PMDB/PSDB) - que inclusive foi formada a cotoveladas -, tem um guarda-chuva de projetos mais consistente, não vejo o que a oposição pode oferecer à Bahia. Repito o que já falei 150 vezes: pesquisa neste período do ano semelhante a essa quando desemboca na urna não tem nada a ver. Não é porque está errada, é que não dá todos os dados. A pesquisa, hoje, de voto espontâneo não passa de 14%. Quando se pergunta, vai votar em quem? 86% dizem que não sabem. Dos 14% ainda aparece quem diz que votará em mim. Arrisco dizer que o melhor colocado na espontânea  não passa de 6%. O candidato da oposição é mais conhecido. Mas Rui (Costa) tem 2%. Esse é o dado do voto consolidado. O jogo só vai começar a ser jogado no final de julho, início de agosto. Hoje estamos todos concentrados, esquentando as turbinas.

    P - Os protestos contra a Copa lhe causam preocupação, de afetar a campanha de Dilma e Rui?

    R - Evidentemente para quem está no poder toda notícia boa afeta. Se é ruim, a mesma coisa. Por exemplo, nos protestos do ano passado todo mundo que estava sentado num governo saiu com uma bala. Depois desses protestos, a sociedade ficou mais exigente. É um novo momento se configurando de outra forma. Nós incluímos muita gente, colocamos milhares nas universidades e escolas técnicas. As pessoas querem mais porque melhoraram. Quando cheguei à Bahia era peão, ganhava um salário mínimo e meio. No dia que eu podia parar no posto de gasolina da Suburbana para comer uma moqueca de siri-mole, que era meu prato preferido, e tomar uma cerveja, era um banquete. Hoje posso comer sem maiores problemas. Ou seja, as coisas melhoraram, criaram-se mais demandas.

    P - E a Copa?

    R - É bom o Brasil ganhar a Copa? Claro. O clima é positivo para todo mundo e para quem está no governo. Agora, é uma questão de bom senso. Você pode dizer que concordava ou discordava, mas a decisão foi tomada, o investimento foi feito, então vamos tirar proveito, mostrar o Brasil bem lá fora. Se jogar pedra, o prejuízo é maior. Acho que pode ter protesto, mas não algo impeditivo. Quando a bola começar a rolar, coração verde e amarelo ninguém segura. O problema é que se criou um ambiente que vai na contramão de uma Copa. Quando tem uma Copa todo mundo fica "minha paixão, meu patriotismo". A gente ficou salgando, trabalhando negativamente isso. Acho que você pode dizer que foi negativo a administração. Mas de ter a Copa aqui ser negativo? Eu não acho. Faz 64 anos que ocorreu uma Copa no Brasil, um país que tem o maior número de campeonatos. A relação com a Fifa poderia ser mais bem pensada antes? Acho que sim. Mas é que todo mundo levou um pouco na boa-fé e depois as deficiências, os detalhes vão aparecendo. Na minha opinião, a Copa vai ser muito boa.

    P - E a segurança durante o evento?

    R - Recentemente tive reunião com o ministro da Justiça, representantes da Marinha, da Aeronáutica, do Exército, da Polícia Federal. Óbvio que a gente está preparando (a segurança), até porque vão estar aqui, no jogo da Alemanha, a (primeira-ministra) Angela Merkel e a presidente Dilma. As tropas vão ficar aquarteladas. Esse pessoal não vai fazer segurança, a não ser coisas específicas: Marinha vai guardar o mar, Aeronáutica  cuidar dos aeroportos aqui e Porto Seguro, os que vão ter mais movimento. E o Exército é mais força que eles chamam de contingência. O cara vai ficar lá, e se tem um problema são chamados. Agora tem áreas que atuarão diretamente. A equipe de armas químicas, biológicas.

    P - Mas para controlar os protestos, só Polícia Militar e forças nacionais?

    R - Isso. Eles (Forças Armadas) só entrariam em campo se houvesse uma carência em função de um evento mais significativo. Fora disso, devem estar tomando conta de subestação, radar de aeroporto, essas coisas estratégicas. A presidente enviou para os governadores a oferta de efetivo para outros setores se nós acharmos necessário. Falei com Maurício Barbosa  e ele disse que vai fazer um balanço com sua equipe para saber se requisito alguma coisa mais do Exército.

    P - Qual o legado da Copa para Salvador?

    R - O metrô terá o primeiro trecho inaugurado com 7,6 quilômetros, que vai até o Retiro. Sempre disse, e vocês são testemunhas, que ficaram empacotando o legado. Na verdade, o grande legado é para quem tinha estádio obsoleto como o nosso, surgiu um equipamento novo que permite grandes shows, como Elton John. O aeroporto está com a nova torre construída e o estudo final da segunda pista, acho que tem um receptivo que aumentou um pouco para a área internacional. O porto já vai receber cruzeiros agora. Querendo ou não, se fez um porto turístico aqui em função da Copa. Atrasou, pois era para maio do ano passado, mas de qualquer forma quando passar a Copa nós vamos ter porto turístico em Salvador. Como o aeroporto vai ficar pronto depois. O legado que deixa, na verdade, é a exposição do país lá fora, é o turista que vem aqui e o evento que será assistido por um bilhão e meio de pessoas nas redes de TV.

    P - A Copa acabou sendo um indutor de novos investimentos...

    R - É inevitável. Até na nossa casa não é assim? O filho vai casar, você manda fazer terno novo, pinta a casa. A gente vive de nossa normalidade e de eventos.

    P - Quais jogos da Copa  o senhor vai assistir?

    R - Só os jogos daqui. Recebi convite, mas não vou nem para a abertura, nem para a final. Vou ficar no meu canto aqui.

    P - A oposição fala muito de "clima de mudança", o senhor identifica desgaste nos governos do PT?

    R - Vocês da mídia sabem que existe uma espécie de venda de baixo-astral que acho impressionante. Não estou dizendo que é sem motivo. Mas você pode pegar um motivo e reverberar ele a mil. Não vou tirar os erros nossos que houve. Cada besteirol que alguém faz lá em Brasília, pago um preço. Meu eleitor fica dizendo: "Como é que é, olha aí seu partido, seu povo". Óbvio que tem também o desgaste do poder. Quem está no poder agrada e desagrada. Eu acho que as pesquisas até agora não apontam um perfil mudancista. Ao contrário, alguns analistas, como Marcos Coimbra, do Vox Populi, dizem que desde 1990 nunca teve tamanha paradeira nos números. Ou seja, desde julho de 2013 até agora, a Dilma gira em torno de 40%. O mesmo ocorre com os outros, seus percentuais estão estáveis. Alguns empresários acham que devem fazer ajustes na economia. Olhando para os três candidatos não vejo nenhum mais preparado que Dilma para conduzir essas mudanças. Mesmo que queiram mudanças, não querem dar um grande salto, acham que ela tem capacidade para fazer. O povo pressiona, mas quer que o próprio governante promova as mudanças.

    P - E a candidatura de Rui?

    R - Rui tem um tino melhor que o meu. Até porque é mais jovem, é economista. Acho que a gente parte de uma base boa. Digo sempre que a gente não ganha eleição vivendo do passado, mas comparações serão inevitáveis. O adversário já foi governador oito anos, vice quatro. É um cidadão mais constante na política baiana desde 1982, quando foi secretário de João Durval. Isso revela também que não foram capazes de criar novos quadros nas hostes deles. Então, não é tão simples quem passou tanto tempo no poder vender terra na Lua. Ninguém ganha eleição com relatório do passado, mas esse relatório dá mais ou menos credibilidade para aquilo que se aponta para o futuro. Se eu tivesse aqui, não fizesse estrada nenhuma e dissesse que iria fazer cinco mil quilômetros, a pessoa  vai retrucar: vocês ficaram oito anos e não fizeram um, como agora vão fazer cinco? Se fiz cinco e anunciar mais oito, o eleitor vai acreditar. Agora, entreguei a Via Expressa, que não é pouca coisa. Quando o metrô rodar, meu projeto político ganha credibilidade. Vão dizer: os caras trouxeram cinco universidades, mais de vinte escolas técnicas, então isso vai dar, na palavra de Rui, credibilidade. E aí é que vale comparação. Por exemplo, eu vi o ex (governador Paulo Souto) dizer na TV que o problema de segurança é que preciso ter meta. Ora, nunca teve isso quando eles governaram a Bahia. Qual o planejamento de segurança que eles fizeram? Quem fez planejamento fui eu. Eu paguei em abril prêmio de desempenho policial. Antes não havia, como hoje, uma estatística de dados dia a dia acompanhando o crime.

    P - A oposição diz que a segurança piorou...

    R - Não piorou, o crime é que aumentou. A segurança de hoje é muito melhor que a de antigamente, pergunte a qualquer policial. Tem um fator aqui que ninguém está falando que na campanha vai aparecer. Nos governos até 2006 não tinha crack. E o crack hoje é o elemento disparado de maior responsabilidade por esse inferno que a juventude está passando. Cocaína era coisa servida em bandeja de prata em casa de barão. Crack você encontra em qualquer esquina, as pedras custam R$ 2, R$ 3.   Volto a dizer, a primeira vez que a curva de homicídios na Bahia declinou foi 2013. Subia nos governos deles todo ano e não tinha crack, o  acelerador da criminalidade. Eu contratei mais 14 mil policiais, temos agora 31 mil, você não vê mais policial empurrando viatura quebrada, o armamento não é mais revólver calibre 38, é pistola ponto 40. Tem muito mais colete, inteligência, centro de comunicação. Agora a marginalidade aumentou, o tráfico virou um negócio milionário. Mas, insisto, estamos no caminho certo. (Fonte: Portal A Tarde )