Arthur Chioro explicou durante a coletiva que, antes de terem surgido casos autóctones [de pessoas que adquiriram a doença no país], o Ministério já tinha identificado casos de brasileiros que haviam contraído a doença em países como Haiti e República Dominicana. Para ele, pessoas infectadas vieram para o Brasil e foram picadas por mosquitos que acabaram transmitindo o vírus para outras pessoas no país. 

 

"Os EUA tiveram. Cinquenta e cinco países tiveram transmissão. É muito difícil fazer o controle. Nós sabíamos que mais cedo ou mais tarde nós teríamos os primeiros casos, porque hoje há uma circulação internacional muito grande. Então, era uma questão de tempo", falou o ministro.

 

Ciente desta possibilidade, Chioro disse que há quatro anos o ministério tem um plano de controle e prevenção.  "Desde 2010, nós temos um plano de contingência já estabelecido e que vem sendo colocado em prática a partir da identificação dos primeiros casos autóctones aqui na Bahia e no estado do Amapá. Isso significa o reforço muito importante do trabalho feito pelas secretarias municipais,  pelas secretarias estaduais com o apoio do ministério da saúde, no sentido da identificação dos casos e dos bloqueios que são realizados nos locais onde esses casos foram identificados", detalhou.

 

Por meio de exames laboratoriais, o Ministério da Saúde confirmou, na última quarta-feira (1°), que até o dia 27 de setembro já havia 33 casos confirmados de chinkungunya em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 Km de Salvador. Ainda segundo o Ministério da Saúde, no mesmo período, já são 79 casos da doença no Brasil.

De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), o bairro George Américo, em Feira de Santana, ainda é o que mais registra casos de chinkungunya, com 56,77% das notificações do município. A faixa etária mais atingida compreende os adultos entre 20 a 49 anos.

Entenda o vírus

A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa "aqueles que se dobram", em referência à postura que os pacientes adotam diante das penosas dores articulares que a doença causa.

 

Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata com menos frequência. Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, pode até contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

O vírus chikungunya pode ser transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, e também pelo mosquito Aedes albopictus, e a infecção pelo chikungunya segue os mesmos padrões sazonais da dengue, de acordo com o infectologista Pedro Tauil, do Comitê de Doenças Emergentes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). O risco aumenta em épocas de calor e chuva, mais propícias à reprodução dos insetos. Eles picam principalmente durante o dia. A principal diferença de transmissão em relação à dengue é que o Aedes albopictus também pode ser encontrado em áreas rurais, não apenas em cidades.

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