"Ainda não é um mês bom, mas toda essa redução do discurso de que parece que o emprego acabou representa 0,9% do estoque que nós temos, não é um desastre", afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias.

"Historicamente, o primeiro semestre nunca é o melhor período para a geração de empregos. A economia se avoluma geralmente no segundo semestre", afirmou. "Embora tenhamos esse mês voltado para a redução na geração de emprego, creio que certamente vamos repor o estoque a partir do segundo semestre [...] Sou otimista e a gente tem que ser otimista."

Os dados foram apresentados em Mato Grosso do Sul por Dias, que justificou a escolha informando que o estado foi o que mais gerou emprego no mês.

"Tem setores da economia que estão bem e outros com maior dificuldade. Mas até o final do ano nós vamos retomar os investimentos todos que são necessários para a geração de emprego", afirmou Dias. "Só o fundo de garantia que é dos trabalhadores vai ter o maior investimento da sua história."

"O processo, que vai do contrato a execução da obra, demanda certo tempo [...]  historicamente o Caged teve declínio na área da construção civil, por isso acreditamos que os processos estão em execução e devem continuar no segundo semestre [...] O setor é uma grande aposta. Temos o maior programa no mundo na área da construção civil", disse ele, referindo-se ao programa Minha Casa, Minha Vida.

"É uma dificuldade que o país passa e o próprio governo reconhece e está tomando as medidas. O ajuste fiscal busca recuperar a capacidade de investimento que levará ao aumento e capacidade de geração de emprego. E nós acreditamos que no segundo semestre, levando em conta os investimentos programados e já iniciados, a gente possa recuperar e acumular no estoque mais novos empregos."

Uma aposta do governo são é o investimento do fundo de garantia (FGTS), em torno de R$ 150 bilhões este ano, dos quais R$ 68 bilhões serão destinados para a construção da casa própria para a população de baixão renda. A expectativa é de geração de cerca de 3 milhões de postos de emprego, segundo Dias.

"Ações que vão estimular as empresas e em decorrência disso já contratamos esse ano R$ 20 bilhões pelo fundo de garantia e que implica na construções de mais de 100 mil unidades.

Brasil e exterior
O ministro minimizou a perda de empregos comparando a situação do Brasil com a do exterior. "Um país que dobra seu mercado de trabalho, que dobra mercado de emprego e que aumenta em 73% o salário mínimo e aumenta em 34% a renda de todas as pessoas enquanto que o mundo está em crise."

"Você vai na Europa, estive lá agora na OIT, a Espanha tem 42% de desempregados, jovens são 58%, França, Portugal e nós passamos ao largo da crise e conseguimos chegar até aqui. Precisamos agora ajustar, de vez em quando tem que dar uma parada para ajustar."

De acordo com o ministro, a atual crise é mais política que econômica, mas acaba afetando os dois aspectos: "Toda crise é política que afeta a economia. Porque se deixar impressionar pelo discurso de certos setores, se você vai comprar um automóvel vai postergar, vai deixar para comprar depois. Ia comprar um apartamento você deixa para depois e sucessivamente".

Acumulado do ano
No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, foram fechados 243.948 postos com carteira assinada. Este foi o pior resultado para este período da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho, que começa, para o período acumulado do ano, em 2002.

Também foi a primeira vez, para os cinco primeiros meses de um ano, desde 2002, que o saldo ficou negativo. Os saldos de janeiro a abril foram contabilizados após o ajuste para empregos declarados fora do prazo, e o mês de maio ainda está sem ajuste.

Em 12 meses, o país já acumula a perda de 452.835 postos de trabalho.

Setores
A indústria foi responsável pelo maior corte de vagas no mês: foram 60.989 postos perdidos no período. "Os ramos que apresentara as maiores quedas foram: Indústria de Produtos Alimentícios (-8.604 postos), Indústria Mecânica (-8.373 postos), Indústria Metalúrgica (-7.861 postos) e Indústria de Material de Transporte (- 7.715 postos)", informou o governo.

A construção civil cortou 29.795 vagas, enquanto os serviços perderam 32.602. No comércio, foram 19.351 vagas a menos. A agricultura foi o único setor a contratar no mês, ganhando 28.362 vagas.

"A elevação do emprego na agricultura (+28.362 postos de trabalho), decorrente, em parte, da presença de fatores sazonais, foi proveniente principalmente do desempenho positivo das atividades ligadas ao cultivo de café (+16.820 postos), às Atividades de apoio à Agricultura (+4.478 postos), às de cultivo de laranja (+4.026 postos) e às de cultivo da cana-de-açúcar (+4.000 postos)", acrescentou o Ministério do Trabalho.

No acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, a indústria registrou a demissão de 98.053 trabalhadores formais, enquanto que a construção civil teve 108.573 desligamentos e o comércio registrou a perda de 159.315 empregos. Os serviços, por sua vez, contrataram 78.061, a administração pública teve 14.483 admissões e a agricultura registrou 35.589 abertura de vagas.

Regiões
No recorte por regiões, houve fechamento de vagas em todas elas em maio. No mês passado, o Sudeste registrou o pior resultado, com 46.267 vagas a menos. No Nordeste, foram cortados 34.803 postos, enquanto Sul e Norte perderam, respectivamente, 23.893 e 7.948 vagas, respectivamente. Já na região Centro-Oeste, foram demitidos 2.688 trabalhadores com carteira assinada, segundo o Ministério do Trabalho.

Contudo, o saldo positivo de geração de empregos em estados pequenos como o Acre é visto como positivo pelo ministro. "Se vocês analisarem o Caged, já a partir de junho de 2014, a implantação de plantas industrias se deu mais na cidades médias e pequenas, não mais nas regiões metropolitanas, então é uma tendência, que é boa, eu creio, porque estamos espalhando pelo Brasil oportunidades de trabalho para áreas onde até então não tinha", disse.

Crise na industria
O ministro Dias reconheceu que a indústria brasileira vem sofrendo processo de crise. "Claro que o governo está preocupado e estamos instalando na próxima semana um grupo interministerial que vai cuidar, dentre estas ações, da modernização das ações dos ministérios, no que diz respeito à importação de máquinas e equipamentos, na regulação e discussão da NR12, que são reclamações que a indústria faz". (G1)

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