Se é para ter controle narrativo sobre a reunião, não é problema algum em adotar a cautela. Principalmente em um contexto em que os dois protagonistas do encontro não parecem ser amistosos entre si. No entanto, ao evitar a imprensa, o governador e o prefeito caem no mesmo paradigma criticado em Jair Bolsonaro: a imprensa faz parte da democracia e responder a ela é parte da responsabilidade de homem público.

 

Rui, todavia, abusa da prerrogativa de escolher os assuntos que deseja falar. Apenas para ficar restrito a um exemplo recente, durante a Lavagem do Bonfim, o governador repetiu durante 8 km que “era dia de festa” e que não era o momento de falar de política. Se médicos falam de medicina, advogados conversam sobre direito e engenheiros tratam de engenharia, por que diabos um político não deve falar de política?

 

Chega a ser um insulto à inteligência essa estratégia de evitar falar sobre temas espinhosos. ACM Neto, às vezes, usa do recurso. Entretanto, mesmo a contragosto, responde perguntas que não gosta – algumas mal formuladas e que explicam a falta de paciência do prefeito e do governador. Prefiro acreditar que um problema de agenda apertada tenha impedido os dois gestores de falaram com os jornalistas que aguardavam o fim do encontro, mas tenho receio de estar errado. Ou então a reunião tratou de um tema que será amargo para a população e nenhum dos dois quis arcar com o ônus de apresentar publicamente o problema ainda.

 

Ah, mas o problema é o presidente da República, que prefere redes sociais ao embate direto com a imprensa. Bom, se o argumento for apenas esse, talvez seja o momento de reavaliar a posição de outros líderes políticos baianos.

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (25) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.

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