O momento de glória das passarelas de um dos principais eventos de moda do mundo, porém, só foi conquistado com muito esforço e persistência. Decidida a participar de um workshop e das posteriores etapas da seleção de uma equipe que desembarcou em Brumado atrás de novos talentos, Juliana começou a vender pirulitos de chocolate pelas ruas e faróis do município. Ela queria bancar os custos de uma iminente viagem para tentar a sorte na cidade grande.

"Esse workshop custava R$ 240 e eu fiz até rifa para tentar pagar. Mas como o dinheiro não chegou ao total uma amiga minha bancou o restante. Comecei a produzir os pirulitos, primeiramente, para pagar a minha amiga. Com outra grana da rifa eu bancava os custos para fazer mais pirulitos”, lembra a modelo.

Em uma dessas saídas para vender seus doces de porta em porta, acabou conhecendo um empresário do ramo de produtos esportivos que resolveu ajudar. De acordo com Juliana, foi esse homem quem bancou transporte, alimentação e hospedagem para ela fazer as demais etapas do concurso.

"Mas nem tudo foi de mão beijada. De 50 pirulitos, eu comecei a produzir cem para poder eu mesma pagar meu agenciamento na Bahia", conta Juliana, que a essa altura, também publicava vídeos nas redes sociais falando sobre as vendas de pirulitos de chocolate e do sonho que tinha em se tornar uma modelo.

"Paulo Borges [gestor da semana de moda] compartilhou a história e chamou seguidores dele para me ajudar. Viralizou e eu nem acreditei na repercussão. Fui convidada a desfilar na São Paulo Fashion Week. Até então eu só tinha feito dois trabalhos como modelo na vida. Comecei esse sonho em agosto deste ano e olha onde cheguei", revela.

A modelo baiana já mora em São Paulo com algumas amigas modelos. A avó dela está em festa, mas assustada na pequena Brumado. "Falo que minha avó está surtando. Ela morre de medo de cidade grande, mas me apoia em tudo. Me dá forças. É minha base para seguir em frente”, diz a jovem, já emocionada.

Seu pai é alcoólatra e sua mãe sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e não teve mais condições de cuidar dela. Certa de que está apenas no começo de um sonho, Juliana dá dicas importantes para quem,  assim como ela, luta por um lugar ao sol. "Diria para que não desista, tenha persistência. Nada vem fácil (se emociona)... É preciso acreditar em Deus, levantar e correr atrás", conclui. (LEONARDO VOLPATO/Folha de São Paulo)

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