A Racional Engenharia é uma das que estão de olho na virada do mercado - e na máxima de que é na crise que surgem as grandes oportunidades. "Foi assim nos últimos 46 anos", diz o presidente da companhia, Newton Simões. Criada em 1971, numa sala alugada no centro de São Paulo, a empresa focou seus esforços no setor industrial durante o regime militar. Ao longo do tempo, no entanto, diversificou a atividade em outros setores, como shopping centers e edificações (hospitais e hotéis, por exemplo), o que ajudou a empresa a resistir às inúmeras crises e mudanças de moedas nas últimas décadas. Hoje, com as principais empreiteiras no olho do furacão por causa da Lava Jato, a Racional quer apostar em obras de infraestrutura e criar um novo braço de negócios na empresa. A primeira experiência com o setor veio com a construção das obras no Aeroporto de Confins, em Minas Gerais. Depois disso, a empresa estudou os quatro aeroportos que foram concedidos para a iniciativa privada neste ano e foi contratada pela suíça Zurich Airport para construir as obras em Florianópolis. O próximo passo é montar uma equipe para explorar as obras no setor portuário, como já ocorreu com o segmento de aeroportos. "Antes da Lava Jato não conseguíamos entrar como concorrente em algumas áreas. A situação mudou." Com faturamento de R$ 986,7 milhões em 2016, ele diz que a receita do grupo deve cair este ano, para se estabilizar nos próximos anos e só depois voltar a crescer. A empresa viveu seu auge em 2013, quando as receitas superaram os R$ 2 bilhões e passou a figurar entre as nove maiores construtoras do País. "Entre 2006 e 2013, a empresa cresceu quase 30% ao ano. Era um festival de boas notícias", lembra. Mas a história mudou e hoje o País vive uma escassez de novos investimentos. Neste momento, diz o empresário, a estratégia é estudas novas áreas para futuros negócios. "Comecei no início dos anos 1970, quando o País vivia uma euforia e a gente crescia em ritmo chinês. Passamos por diversas crises, como a do petróleo (no fim dos anos 1970) e tivemos de nos reinventar", conta. A história se repete agora. "A nosso favor temos o fato de a Racional estar capitalizada, sem depender de bancos para tocar nossas atividades", diz Simões, destacando que a empresa tem um estoque de obras de um ano e meio. Seguindo os passos da Racional, a Concremat - controlada desde o fim do ano passado pela chinesa CCCC, que comprou 80% do negócio - também quer avançar em infraestrutura. No caso dos chineses (que antes de comprarem a Concremat chegaram a olhar a construtora Camargo Corrêa), a ideia é tocar as obras dos investimentos do grupo, como a do porto de São Luís, e replicar o modelo nos países da América do Sul, dizem fontes a par do assunto. Outra empresa com capacidade para ocupar espaço na construção é a Toniolo Busnelo. Em 2015, as receitas da empresa tiveram aumento de 18% e alcançaram R$ 720 milhões - montante que rendeu nove posições no ranking da construção. Apesar da falta de obra no País, a construtora tem conseguido manter as receitas com obras do setor privado, como a construção de túneis no Rodoanel de São Paulo e projetos no setor de mineração. "Com esses contratos vamos manter o faturamento de 2016 (de R$ 680 milhões)", afirma diretor da construtora, Humberto Cesar Busnello. Apesar do momento delicado, o setor da construção vive o início de uma nova configuração, com a perda de poder das grandes empreiteiras. Ainda é cedo para dizer se as empresas médias vão se consolidar como grandes players do setor, mas a aposta é que haja menos concentração. Segundo o professor de infraestrutura do Insper, Eduardo Padilha, o "modus operandi" das grandes construtoras no País não é o modelo universal. "Historicamente no Brasil as construtoras viveram como concessionárias. O natural é que construtora seja construtora e os fundos de investimentos aportem recursos nas obras."(Bahia Notícias)

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